Professores do RS ganham para se atualizar e planejar aulas

26 03 2008

(Do portal G1) 

Projeto é uma das 37 iniciativas de sucesso listadas pelo Unicef e pelo MEC.
No Maranhão, escola com bons resultados dá prêmio para professores e funcionários.
Nas escolas da cidade de Farroupilha, no Rio Grande do Sul, mora um exemplo de valorização do professor. Toda semana, os docentes reservam quatro horas para fazer cursos de atualização e para planejamento de aulas e ganham para isso. A iniciativa faz parte das 37 escolhidas como exemplos de projetos bem sucedidos em um estudo elaborado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Ministério da Educação (MEC) e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e divulgado nesta terça-feira (25). “Esses momentos de preparação do grupo de professores das diferentes escolas se encontrando e trocando experiência desenvolve muito o trabalho na sala de aula”, afirma a professora Simone Miorelli.
No Rio de Janeiro, na favela Cidade de Deus, acontece o extremo oposto. Uma escola deveria ter 24 professores tem apenas oito, porque o professorado tem medo da violência. Um professor, que pediu para ter a identidade preservada, reconhece que quem mais perde são os alunos. “Esses jovens dessas comunidades ficaram sem perspectiva e continuam sem”. Para o especialista em educação Cláudio Moura Castro, o desestímulo do professor é uma das razões para o fracasso de muitas escolas. “O professor mais motivado, motiva o aluno. O professor morto, destroçado, destruído pelo ambiente de uma escola de periferia é muito difícil ele conseguir entusiasmar o aluno pela beleza das idéias. E esse é o grande drama da educação do Brasil”.

 No Maranhão

Outro bom exemplo vem do Maranhão, em Nova Brasília, um pequeno povoado da zona rural de Alto Alegre do Pindaré. A escola é simples, mas que tem tudo que é importante para o bom aprendizado. Na entrada fica o cantinho da leitura, uma mesa cheia de livros e revistas que as crianças podem consultar à vontade. Do outro lado, um grupo de alunos joga xadrez, que é um recurso importante para o desenvolvimento do raciocínio e, logo adiante, uma oficina de orientação e treinamento dos professores, onde eles expõem aos supervisores tudo que precisam para melhorar o rendimento dos alunos. “Você quer ver o seu trabalho dando frutos, retorno, é isso que um professor se sente feliz”, afirma uma professora. Também em Alto Alegre, uma outra iniciativa premia anualmente as boas escolas. O colégio vencedor não tem evasão e aprova 98% dos estudantes. O prêmio foi um abono de R$ 1 mil para os professores e de R$ 2 mil para o diretor. Os funcionários ganham um mês de salário dobrado. Para uma professora, o dinheiro é bem-vindo, mas o verdadeiro prêmio é outro. “Minha maior recompensa é quando eu vejo um aluno e descubro que ele aprendeu. Dá vontade de sair gritando. Isso é emocionante, é gratificante. A gente começa a ter um gosto especial, então a gente descobre que parece que nasceu pra ser professora.

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Meu comentário: Particularmente acho este discurso de salário baixo, uma das coisas mais anacrônicas em termos de educação. O que devemos questionar, é se o ensino que estamos proporcionando aos alunos vale mais que o salário recebido, se é que vale alguma coisa. Enquanto não melhorarmos a qualidade atual do ensino, não podemos exigir melhor qualidade de salário.





PAIXÃO DE ALUNO

23 03 2008

 Transcrito do portal G1

Zeca Camargo encontra professoras que mexem com o coração dos alunos

Paixonite aguda pela professora é uma fantasia muito comum na adolescência.
Aluno transfere o amor de namorada, o sonho de algo inatingível, diz psicólogo.Sabe a música “Química”, do Legião Urbana? Pode esquecer. Se a aula de química da professora Justine de Oliveira tivesse uma trilha sonora, seria ao som de Nat King Cole em “Te quiero dijiste”. Ela é atraente, bonita de rosto, corpo da hora. Assim como ela, as professoras Claudiane, Keylla, Elaine e Bruna balançam o coração dos alunos. “Eu não posso trabalhar sem avental e os alunos dizem ‘ah, hoje vou prestar atenção na aula, hoje vou aprender química’”, conta Justine. A paixonite aguda pela professora é uma fantasia muito comum na adolescência. Luiz, por exemplo, durante três anos estudou física com a professora Keylla Braga e alimentou um romance platônico. Segundo o psicólogo Marcus Vinicius Mathias, isso acontece porque o aluno transfere para a professora o amor de namorada, o sonho de algo proibido, de algo inatingível.Para Claudiane Carvalho, professora de português, as perguntas mais comuns são quanto à idade e se ela tem namorado. A professa de literatura Bruna Spínola reconhece que os meninos ficam deslumbrados.“Mas eu tenho que tentar mostrar para eles o conteúdo que sei, passar a matéria”, afirma Bruna, que tem um fã-clube fervoroso. Mas o que Bruna tem que as outras não têm? Na semana passada, estivemos numa escola em São Paulo, visitando uma turma só de garotos. Bruna foi a convidada especial. Inspirados pelo sorriso encantador da professora, rapazes que antes detestavam literatura, se transformaram em eruditos .“Eu estava lendo ‘Os Lusíadas’”, garante William
“Um grande livro é ‘Memórias póstumas de Brás Cubas’”, afirma Rafael dos Santos.
Tá bom… A gente finge que acredita. Mas Bruna garante: a relação deve ser mesmo de professor-aluno. “Pode até ser de amigos, mas sempre com muito respeito”
O problema é quando a brincadeira passa dos limites. A professora de inglês Elaine Callegari, por exemplo, já foi até seguida. O mesmo aconteceu com Claudiane.
“Um menino descobriu o telefone da minha casa e ligava sempre. A minha mãe dizia que eu não estava”, conta. “Eu disse que ele estava confundindo as coisas, que sou professora e que a nossa relação era de professora-aluno”, explica.
Segundo Keylla Braga, às vezes é até preciso mudar a postura e o jeito de falar para os alunos se comportarem. E as professoras ainda lidam com outra questão delicada: o ciúme das meninas.“Elas ficam olhando para a gente com olho torto”, fala Justine.
“Tem que saber jogar, porque muitas vezes as meninas se voltam contra você”, alerta Claudiane. Elaine Callegari conta a sua estratégia para driblar o ciúme feminino. “Eu me aproximo demais das meninas e viro amiga delas”.Nessa relação com os professores, são as meninas que costumam se envolver e fantasiar mais. O psicólogo Marcus Vinicius Mathias explica que a menina é mais romântica, sonhadora e mais propensa a imaginar coisas. “Eu tive um professor novinho, que entrou para dar aula. As meninas, é claro, olhavam. Mas alguns não gostam, alguns têm rejeição”, diz Bruna. Bruno de Mello, professor de História, conta que já cansou de receber cantadas e bilhetinhos ousados das alunas “Elas falavam que eu era o professor mais bonito, mais elegante, a voz mais bonita. Algumas tinham até o telefone e os horários que a minha mãe não estava em casa. Era uma coisa absurda”, relembra. “Algumas ficam olhando insistentemente. Uma vez perguntei se uma aluna estava prestando atenção. Ela respondeu que sim, mas, bem baixinho, disse ‘em você’”. Segundo o psicólogo Marcus Vinicius Mathias, o professor precisa ser muito responsável naquilo que faz, pois está lidando com seres em formação. É preciso desfazer as fantasias, sem machucar.
“Sempre procuro ter uma postura extremamente profissional para deixar bem claro: elas são as alunas e eu sou o professor”, afirma Bruno. Ainda de acordo com o psicólogo, com o tempo os alunos vão quebrando essa fantasia e a relação pode se tornar de amizade. Pelo menos, ser admirado pelos alunos tem suas vantagens. Com o charme dessas professoras, aprender física, química ou literatura fica muito mais fácil.